Uma característica importante a respeito do setor externo brasileiro na última década é a crescente internacionalização das empresas brasileiras dos mais diversos segmentos. Inspiradas pelos casos de sucesso de campeãs nacionais como Petrobrás, Vale, Gerdau e Odebrecht – e pelas crescentes linhas de financiamento subsidiado pelo governo brasileiro – as empresas brasileiras têm buscado cada vez mais mercado em países do Sul Global, bem como fontes de recursos para controlar sua oferta de matérias-primas.

Enquanto empresas como Petrobrás e Vale estão presentes no Sul Global há mais tempo, recentemente com a maior integração brasileira nos mercados internacionais grandes conglomerados se consolidaram como players importantes. Estes vão desde o banco Itaú Unibanco e sua estratégia de crescimento na América Latina – apoiado pela expansão de empresas brasileiras no continente – até grandes construtoras como Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Côrrea que atuam firmemente no continente africano seja em projetos de reconstrução dos países atingidos por anos de guerra civil, seja na extração de recursos naturais (algumas em consórcio com empresas europeias). Faz-se necessário avaliar em que medida as transnacionais brasileiras se distinguem das suas concorrentes do Sul e do Norte, por setor, e quais são seus impactos produtivos, sociais e ambientais no país de destino.